Espaço-Tempo

Os efeitos de nossa relação com Espaço e Tempo são inevitáveis e facilmente perceptíveis em nossa existência. Em nosso processo vital como seres humanos, não há como negar que um dia nascemos, estamos envelhecendo continuamente, lidamos eventualmente com desequilíbrios na forma de doenças, e certamente iremos morrer.

Embora esses fatos sejam inegáveis, nossa percepção deles é relativa, em função de muitas variáveis. Da mesma forma, também temos relativa liberdade quanto à forma de responder a essas percepções. Assim, podemos nos tornar mais conscientes e fazer opções mais gratificantes sobre como nos relacionaremos com nossa situação – onde estou no mundo – e prioridades – o que faço com o tempo que disponho.

Em resumo, os aspectos espaço-temporais da existência nos recordam a finitude humana, e sua relativa pequenez. Se devemos aceitar que estamos todos – seja qual for nosso papel ou condição social – inexoravemente submetidos aos eventos de nascimento, doença, velhice e morte, também é verdadeiro que podemos optar por responder de forma mais saudável e íntegra às transformações que ocorrem ao longo das estações da vida.

Como, pela lógica da Natureza, o que é inevitável não pode ser um mal em si mesmo, é inteligente aprendermos formas de modular nossa resposta a esses fatos da existência. Nesse sentido, um estilo de vida mais simples torna possível um cotidiano mais pleno, mais saudável e mais alegre, com menos desperdício de recursos de qualquer tipo.
Por exemplo, podemos considerar nossa relação com nossos movimentos e pausas, no plano físico, emocional e mental. Nossa espécie mudou radicalmente seus padrões de comportamento em um curto período de tempo da história. Vivemos atualmente em uma sociedade focada em resultados. De certa forma, tornou-se imperativo ir mais rápido e mais longe, ainda que não reflitamos sobre para onde estamos indo. Estamos com as agendas sobrecarregadas, mas quase não fazemos o que nos traz alegria genuína. Movimentamos cada vez menos o nosso corpo, mas estamos quase sempre cansados, sem vitalidade.

Em termos de uso dos recursos naturais, nossa espécie consome mais do que nunca, e de forma desequilibrada. Ao mesmo tempo em que muitos padecem de fome, outros tantos sofrem pelos excessos alimentares. Atualmente, temos acesso a um incalculável volume de informações que nem conseguimos processar na forma de conhecimento, e que de certa forma obstam o surgimento da sabedoria que advém prioritariamente das vivências, e somente subsidiariamente de experiências virtuais.

Nessa linha de reflexão, certamente chegaremos ao questionamento sobre nossos padrões de uso do espaço e do tempo. E isso merecerá considerações amplas, em virtude da complexidade de suas causas e efeitos, e do potencial de transformação que existe em ações aparentemente triviais, tanto no plano individual quanto no coletivo. Nossa aspiração aqui é colaborar na difusão de práticas e informações qualificadas sobre esses aspectos.