Relacionamentos

Nossas identidades formam-se a partir de nossos relacionamentos, em um processo de cossurgimento simultâneo e interdependente. Qualquer papel que desempenhamos na existência só se manifesta através de um mecanismo relacional, em que nos desenvolvemos e expressamos como pessoas através de interações com o outro, com a alteridade, com esse elemento que nos serve de espelho.

Como nossas percepções da realidade são autoreferenciais, inevitavelmente serão incompletas, parciais, já na sua origem. Como diz Fernando Pessoa em seu poema, “…o que vemos não é o que vemos, senão o que somos.” Desse modo, a dimensão relacional de nossa existência pode ser uma fonte de grande contentamento e riqueza, na medida que nos descortina outras visões de mundo, outras formas de encarar os fatos e seus efeitos.
Em uma proposta de simplificar a vida, devemos considerar a possibilidade de nos relacionarmos, com os outros seres e com os fatos, de modo mais autêntico. Na medida em que nos liberamos da necessidade de atender ou ver cumpridas nossas expectativas, nosso nível de frustração diminui consideravelmente. Isso não significa abrir mão de apreciar o processo de aprimoramento, próprio ou de outro ser. Mas significa, isso sim, desfrutar desse processo como um caminhar, vendo o resultado como uma meta, um meio, e não como um fim em si mesmo.

Na prática, simplificar a dimensão relacional de nossa existência tem a ver com reconectar, em primeiro lugar, com nossa própria inteireza. Já foi dito que somos seres inteiros que se sentem incompletos. Por conta disso, muitos equívocos no âmbito dos relacionamentos encontram sua resolução através da clarificação de quais aspectos de nossas carências ou incompletudes podem ser supridos pelo retorno à nossa própria inteireza.
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