Sociedade

Sociedade – substantivo feminino: agrupamento de seres que convivem em estado gregário e em colaboração mútua. Conceito: uma sociedade é uma estrutura ampla, na qual os sujeitos estabelecem relações, quase sempre impessoais, mas que possuem um aspecto de coletividade.

Todos os dias, posso acessar as notícias do mundo todo. Ainda que com visões usualmente tendenciosas, sinto que é evidente que a sociedade humana vive momentos de evidente frustração em seus objetivos mais fundamentais. Onde está o senso de colaboração mútua? Que fizemos de nosso senso de coletividade, como nossas relações interpessoais chegaram a perder tanto de seu sentido?

Em uma realidade na qual a maioria dos fatos divulgados dá a entender que a esperança agoniza, me surpreendo ao sentir muito viva uma força indescritível que opera no contrafluxo. A cada dia, e todos os dias, me emociona saber de gestos nobres, de iniciativas dignas, de superações inesperadas. No meu entender, esses lampejos de visão auspiciosa sempre estão ligados ao ponto intermediário entre o indivíduo isolado e a sociedade que muitas vezes nos priva de conexão pela ilusão de contato permanente o tempo todo.

Nesse espaço entre a desconexão e a conexão irreal da virtualidade, encontro o solo fértil do senso de comunidade. Na redescoberta de nossa unidade comum como seres de fato humanos, exploramos corajosamente o campo do que nos aproxima, e aceitamos dialogar com a diversidade que por vezes pretende nos afastar. Nos sistemas naturais, diversidade sempre é expressão de riqueza. Mas é importante assinalar que, da mesma forma, o respeito aos limites dos sistemas de vida é uma norma intransponível.

Na lógica da Vida, todo crescimento tem limite. Nesse sentido, se busco um olhar crítico sobre as causas estruturais das crises que nossa sociedade experimenta, sempre me vem à mente um paradigma dominante, que opera com desconsideração aos princípios mais elementares da manifestação da vida. Refiro-me ao paradigma econômico dominante, que propõe o conceito de mais é melhor, sempre e a qualquer preço. Ao optarmos pela quantidade sobre a qualidade, deixamos de lado a parte mais importante de tudo, a singularidade, a preciosidade da manifestação de cada ser e de cada coisa. Em assim fazendo, fechamos as portas a qualquer possibilidade de relações íntegras, pois seres tornam-se coisas. E objetos, mesmo que de grande utilidade e alto custo, passam a servir como meros ornamentos inúteis de vidas miseravelmente luxuosas.

Talvez devamos perguntar se há solução para as guerras, o sofrimento evitável, a tristeza infindável, a desesperança que oprime. Não acredito em soluções. Mas confio nos processos naturais. Sinto que a crise traz em si as sementes do verdadeiro desenvolvimento. Penso que a mim cabe fazer o que posso, onde estou, com os recursos que disponho. Como base, a gratidão por poder agir; como nutrição a possibilidade de vivenciar e nutrir relações íntegras; como frutos, não me importa o que venha. O que tiver de ser, será, porque as coisas são como são. Mas podemos manter a lucidez, e fazer o que se apresenta para ser feito, sem controlar e sem perder o controle diante do inesperado, pois é disso que se trata a Vida verdadeira.

Seguimos. Apreciemos nossa preciosa vida humana.

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